domingo, 19 de dezembro de 2010

Gonçalo Mendonça Ferreira,
às vezes embebeda-se em larga escala e deixa o mundo aproveitar os lindos momentos que este lhe proporciona.
No dia seguinte é que são elas, maravilha!

domingo, 12 de dezembro de 2010

As tartarugas andam com a casa às costas, o Gonçalo anda com a casa às costas e é garantido que nada é garantido - disseram-me e com muita razão, que tudo isto faz parte da aventura, da zona de desconforto que na verdade nunca chega a ser um total desconforto, mas é diferente de casa, da proximidade dos amigos e das pessoas. Eu aceito, acho que ninguém que me conheça bem o suficiente, me irá definir como o tipo de pessoa certa para uma experiência destas. Sou, na minha humilde opinião, uma das poucas pessoas que não devia fazer isto, mas que preciso de fazer isto e muito mais. Há alturas que só penso em casa, nas coisas que deixei deliberadamente para trás, acho que é normal, não me assusta sentir-me com saudades - assusta-me que um dia por não estar presente, se comecem a esquecer de mim, não por mal, simplesmente pela ausência - por mais senil e demente que isto soe...(acho que tenho noção do quão senil e demente isto soa - trabalho com gente assim).
E a tartaruga anda de casa às costas, com tantas pequenas histórias para contar a quem as quiser ouvir, Londres tornou-se o centro do vórtex das visitas, descobrimos por cá que aparentemente esta cidade é demasiado pequena para mim, com direito a aparições dignas de Fátima - "parece mentira mas diz que é verdade, grande pontaria!", ou a "teoria dos elevadores que nunca existem quando é preciso, mas em covent garden vai pelas escadas, nunca se sabe o que encontras no elevador!".
É que nunca se sabe mesmo, é com cada surpresa...ui!
Vemo-nos em Portugal.

domingo, 28 de novembro de 2010

Bem, sacana do frio não me larga as mãos, o nariz e as orelhas, já começo a entender verdadeiramente a necessidade de luvas, de uns ear muffs ou os meus headphones, e para o nariz nada - talvez só o cheiro do chocolate quente ou chá. A temperatura está oficialmente digna de um boneco de neve, à altura de uma música dos Anjos, noite branca mas ainda sem neve para cantar, só o frio digno de uma gente, que agora compreendo melhor, chega ao verão e desbunda como se não houvesse amanhã; porque claramente o amanhã quentinho e os dias de sol escasseiam por aqui - ainda que isso não justifique muitas coisas que eles fazem, mas isso será tema de outra conversa.

Ponto 1: Tenho saudades, não vejo a hora de ir para o bairro alto beber cervejas até me cair o fígado pelo chão e ter de pedir um novo ao Pai Natal - Tenho saudades dos meus amigos e amigas, embora tenha sido abençoado verdadeiramente pelas visitas frequentes de certas pessoas, que ajuda a matar um bocado a ideia da distância, mas anseio ardentemente (à moda de um Eça de Queiroz) não por Maria Eduarda, mas por grandes quantidades de riso e gritaria, chungaria do bairro alto, cervejas em locais designados, música e claro, saudades da família, de casa, das coisas que já dava por certas e já me fartavam, resume-se tudo em saudades. Boas saudades e boas coisas de sentir, uma boa lição.

Ponto 2: Ainda não sei quando vou, mas sei que vou nem que tenha de me atirar à mancha (o que espero não ter de fazer, porque se reclamava quando tava frio e tinha de ir à fonte, nem imagino esta situação a configurar-se de uma forma bonita).

Ponto 3: Não há experiência como a experiência que desejamos ter, por pouco que pareça ou muito, não faço ideia, as coisas quando nos afastamos mudam obrigatoriamente, eu tenho mudado lentamente com tudo isso, o que não será totalmente visível (tirando o facto de ter perdido peso) nem eu desejo que seja tão perceptível, existirão coisas e pessoas para quem mudei irrevogavelmente, existirão pessoas para quem não mudei nada e para outras, talvez só um bocadinho, o certo é que já levo daqui coisas boas e novas para aplicar.
Além das ocorrências que são ocasionais, o meu hotmail decidiu limpar-me a lista de contactos do msn, bloqueou toda gente, que eu lentamente vou desbloqueando, uma triagem desejada mas nunca concretizada que agora acontece, se alguns de vós deixarem de me ver no msn duas coisas poderão ter acontecido: Não me tenho ligado recentemente ou então foram bloqueados, para assim continuarem. Disfrutem portanto do vosso novo estado, assenta que nem uma luva.

Vou fazer chá que está frio, ouvir música e começar a pensar em dormir.

Beijinhos e abraços!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A minha habilidade para processar informação varia, tanto pode ser muita, alguma ou pouca. Isto não mudou comigo aqui, simplesmente me vim apercebendo da quantidade de processos e pessoas a que não necessito de recorrer para me sentir uno e indivisível. A verdade é que quando vimos à rua, fica sempre bem trazer o lixo para o caixote. Tá dito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um pensamento que navega por mares diferentes.

A última vez que deixei o coração e os sentimentos nas mãos de uma rapariga, apercebi-me que foram mastigados e triturados, não por conluio nem conspiração soberba, simplesmente por aborrecimento e tédio, a vida já não é o que era com alguém que sabe o quer e o que sente - vale sempre mais um pássaro indeciso na mão (mas giro e bom para dar beijinhos) do que um certo na mão, chato e pesado - pelo menos para as pessoas que não sabem o que querem, claro.
E a última vez que não deixei o coração e os sentimentos nas mãos de uma rapariga, reparo que essa sabe ultrapassar muito mais do que barreiras, há razões óbvias para mim para certas coisas não terem sido o que podiam ter sido, mas ao comparar (na medida do que é possível comparar) aqui ao longe, sabe bem, é tão bom e irónico, ver a ausência total de quem dei tudo e a existência tranquila, presente, de a quem não dei tudo.
Nem devia estar aqui isto, mas veio-me a ideia à cabeça enquanto ouvia uma música em especial.
Obrigado a quem me deu que pensar hoje.

domingo, 7 de novembro de 2010

Creepy

O facebook tem uns momentos muito estranhos de vez em quando, ora pois que se desorganiza todo, acha que eu aceder no meu computador pode significar que é uma invasão de privacidade - não seria nada irónico eu invadir a minha própria privacidade. Mas com tudo isto, obriga-me assim que faço o login a responder a algumas questões, identificar fotos de amigos para ver se eu sei quem são, assim sendo achei bem, quem melhor que eu para reconhecer fotos de gente minha amiga? Na verdade não custou absolutamente nada, mas soltei a gargalhada da noite quando percebi que até o facebook gosta de fazer pouco de mim; ora identifique quem está nesta foto?? De tanta gente que podia sair, tinha de ser a minha ex-namorada? Pois bem, obrigadinho sr. facebook, por esta walk down memory lane! O assunto já estava a ser suficientemente estranho com a afirmação que a minha conta não estava segura, depois vem isto, baixinho alguém comentou (quem estava ao meu lado a tentar perceber o que se passava) quando eu expliquei a ironia de todo o facto, "creeeepy, isto é muito creeeepy!".
Creepy ou não, até achando que alguém possa ler isto e pensar que estou a exagerar, settle down porque esse direito é-me assistido e tenciono sempre abusar dele, não gosto de ser contido a não ser por terapeutas a quem eu peça. Mas creepy ou não, realmente creepy foi o passeio por Regent's Canal,que aqui na foto parece muito pacífico e bonito, mas é só imaginar isto numa noite de sábado fria, à noite, completamente silencioso e com pessoas estranhas (poucas) nas margens, um curso de água que está completamente verdusco e não se vê o fundo - até me dizerem que se me aproximasse conseguia ver pessoas mortas (por momentos senti-me no Senhor dos Anéis) - Como se já não bastasse eu estar a pensar no Jack the Ripper.
Creepy ou não, seja o canal ou o facebook, o certo é que jantei maravilhosamente bem, em óptima companhia e conversa, para acabar a noite a beber cházinho a fumegar, enquanto via o Darjeeling Express e depois vir para casa.
Há dias e noites assim, com frio ridículo  de tremer o queixinho, rasteiras do facebook e jantares bons, na cidade da torre de londres, do relógio grandinho, da casa da rainha, do supermercado de pedantes para pedantes, da loja dos brinquedos, dos 3 milhões de mcdonalds starbucks, das estações chamadas Circus, Court e com a palavra Cock lá para o meio. Diz que é Londres, eu gosto de lhe chamar a minha futura casa.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E para que conste, as gajas da Zara cá são muita resmengas, quase todas espanholas e...há bué maricas a atender!

Primeiro entranha-se, nunca se estranha e depois gosta-se!

Por vezes é mesmo necessário sair de onde estamos para descobrirmos certas coisas que só à distância se entendem, para encontrarmos partes de nós que ainda não tínhamos encontrado, por vezes só saindo de perto de tudo o que amamos ou amámos, indo ao encontro de algo que idealizamos, para compreender melhor o que somos ou o que podemos ser. Certo, soa confuso, mas andar a maior parte dos dias sozinho ajuda bastante a este tipo de esclarecimento. Sim, agora que os companheiros de passeio e comidas diferentes, Sara e Micael, se foram embora de volta para o nosso Portugal à beira-mar plantado, volto ao modo sozinho e a ter muito tempo para pensar enquanto procuro por futuro.
Mas pormenores fantásticos da minha mente à parte, sempre irão haver coisas que nos levam de volta à nossa terra, porque aqui é um bocadinho diferente e um gajo leva tempo a habituar-se.
Não há quase caixotes do lixo na cidade, apesar de não ser novidade, torna-se completamente surreal ter de andar com lixo nas mãos de um lado para o outro até encontrar um caixote do lixo, o qual se tivermos sorte, está a ser vigiado por uma das milhares de milhões de câmaras da CCTV. A segurança tem um preço, vigilância total e a toda a hora, poucos caixotes do lixo e um pouco de paranóia que nunca magoou ninguém. Ao mínimo sinal pára tudo, investiga-se tudo o que há para investigar, as coisas são feitas na hora e resolve-se; as pessoas continuam como se nada fosse, o dia-a-dia é uma mistura de sandes meio estranhas que se podem encontrar a toda a hora e em qualquer lado com uma variada mistura de sumos, cafés e chás, com avisos de terrorismo, metros cheios até vir a cabeça de alguém presa nas portas, uma nação de iPod, iPad, iPhone, Blackberry e outros que tais, que violentamente se agita no metro e nas ruas. Esteja frio ou muito frio, cinzento ou completamente escuro, há sempre, mas absolutamente sempre, o que me deixa fascinado (isto sim) com a forma como as pessoas nos atendem e recebem em qualquer lado (sem saudades dos mal-encarados que há em Portugal), há sempre uma palavra simpática e acolhedora e um sorriso à partida.
O resto ainda é uma espécie de fascínio, semelhante aos primeiros dias que tive na faculdade quando percebi que aquilo estava cheio de mulheres, que agora vai assentando e já não é totalmente estranho haver um starbucks a cada canto e outras cadeiras famosas de comida e bebida. Mas se há coisa que sabe bem é conseguir sair de casa de manhã, acender um cigarro à porta e a primeira música que o meu iPod dá me dá vontade de saltar e andar com força, pelo meio de tanta gente que nem faz ideia quem é o Gonçalo, nem o Gonçalo faz ideia quem eles sejam, somos todos estranhos aqui, com excepção dos amigos que vamos encontrando para um café, das crianças que se riem para nós no metro sem saber quem somos ou os loucos, que nos abordam porque não sabem quem somos mas nos querem dizer alguma coisa. Somos estranhos mas todos juntos numa massa gigante, eu ainda a estranhar certas coisas, como alguém mo disse "quando fores Londrino" irei estar colado em muito do que agora falo e talvez estranhe.
Se a hora do post voltar a dizer 5 da tarde, fica o aviso que é meia-noite e meia, para ninguém dizer que vou dormir a meio da tarde.

sábado, 30 de outubro de 2010

Ora chove ora chove ora chove...ora pára de chover.

Ora chove ora chove pouco ora não chove, mas já se sabe que sol nem vê-lo, só raramente ou em filmes, talvez na televisão quando dá uma reportagem sobre um país tipo destino de verão: o paraíso das lagostas inglesas em Agosto. Ora apitam as ambulâncias ora há trânsito ora o metro está parado, então as pessoas andam na rua como se de uma procissão estranha se tratasse, acho eu que não há tantos starbucks nem Mcdonald's em locais de romaria religiosa.
Mas se depois de um café maravilhoso, uma conversa que aconchega ou uma volta que nos abre os pulmões e os olhos, cai um monte de chuva em cima, surpresa surpresa, o chuveiro voltou a abrir-se, dos céus estão a cair milhares de biliões de gotas de água, indiscriminadamente sobre nós, quer tenhamos bebido um café, dado uma volta ou tenhamos apenas acabado de sair de casa, acendido um cigarro, ligado o iPod e acertado logo na música ideal para começar a caminhar.
Mas se a chuva molha, o céu nem sempre é negro, apesar de cinzento na maior parte das horas, o que nos diz que para lá do cinzento há qualquer coisa mais, aquela esperança que nos diz que ao chegar ao metro a linha certa na altura certa vai dizer "good service", que o metro está a chegar depois de descermos um conjunto de escadas que lembram a Torre de Londres em alguns dos seus dias mais épicos, os de corta-cabeças do Henrique VIII, por exemplo.
Assim sendo, estar aqui é o futuro embora seja também o presente, o que me obriga a pensar também nisso, hoje podia estar a tocar no coliseu do Porto, não estou porque estou em Londres, e só eu sei como é bom estar aqui, apesar das saudades começarem a rodear-me como predadores sexuais famintos, mas também, hoje especialmente apetecia-me ter estado naquele palco, não pelo palco mas pelas pessoas com quem lá estaria.
Oh bem, é hora de ir ouvir o álbum a solo do Carl Barât, que para quem não conhece...bem, devia conhecer.
E dormir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ora algo profundo: pode ser o metro!

E se o metro não andar o que acontece?
Sai tudo à rua, como se fosse a festa do futebol mas aqui ao pé de casa, há gente em todo o lado, são para aí sete da noite, há sirenes e gente em todo o lado, serei eu o único que acha que isto não é normal e fico preocupado? Sim, porque toda gente está normalmente a fazer a sua vida, já sei já sei, isto é coisa de quem não está habituado totalmente à indiferença do que nos rodeia, que o Londrino possui em larga escala, não para o mal apenas mas também para o bem. Este tipo de coisas são as coisas com que não podemos andar a pensar, será terrorismo, será alguma coisa perigosa? Não é todos os dias que se vê uma das maiores estações de metro e comboio de Londres, encerrada, com milhares de pessoas na rua e sirenes a tocar de minuto a minuto, com o trânsito completamente parado. Bem, só era hora de toda gente começar a voltar para o trabalho ou a meio caminho de um pub qualquer, até mesmo que fosse o já famoso Flying Scotsman, casa de raparigas que dançam, situada aqui perto de casa, sempre colorido por personagens caricatos à sua porta, que bebendo a sua lager ou ale, fumando um cigarro, vão vendo as garotas dançar. Mas ao que interessa eu regresso, fosse o que fosse, consta que terá caído um senhor à linha, mas aqui nunca fiando, já que o metro anda nas bocas do mundo, consta que devido às avarias que aconteceram a semana passada, não dei por nada, só fiquei uma meia hora num túnel escuro com meia luz da carruagem a funcionar, a pensar que às vezes mudar de cidade é óptimo e mudar de vida também, mas há sempre um metro parado em algum lado que nos lembra do sítio que tão bem conhecemos.
Assim que se sai das estações é tudo tão diferente, há um frio agressivo que nos bate na cara, aliás que começa logo nas escadas, uma espécie de surpresa que nos espera depois do calorzinho agradável das estações do tube. E saindo há todo um mundo diferente, uma pessoa pode aperceber-se disso quando vem cá de visita, por mais vezes que venha cá, mas sair e caminhar por ali, não tendo uma data de volta para casa, sendo um Londrino (há muito ou pouco tempo), leva-nos pela multidão, a apertar os casacos, ajeitar os agasalhos e olhar em frente, com sorte há uma música que nos aquece também um pouco o espírito e assim matamos um bocadinho a saudade. Nem que seja realmente saudade, somente a falta das coisas habituais que se davam por garantidas, agora limitadas a poucas coisas (poucas agora) que se podem fazer para já.
Começou a dar um jogo da 2ª divisão inglesa na televisão,entretanto acho que o charlie sheen vai aparecer noutro canal qualquer, portanto se calhar vou tirar os headphones, desligar o willie nelson (a culpa é do anúncio da Mcdonald's que passa cá) e deitar-me, ver 20 minutos de charlie sheen e sonhar horas seguidas com algo totalmente diferente e bastante melhor; vamos a ver o quê.
Abraços e beijinhos

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Queres fulham ó broadway e outras coisas, tipo o frio!

A caminho de Fulham Broadway, que para quem não sabe, é a estação directamente adjacente ao estádio do Chelsea, sou interpelado por um cidadão no metro, que me acusa (não me pede) de estar a ouvir a música muito alta nos meus headphones, não que esteja necessariamente preocupado com a minha audição, essa nem eu estou para ser honesto, quando for completamente surdo haja quem me ature. Mas lembrei-me imediatamente de que aqui a maior parte das pessoas, talvez até os bandidolas que ocasionalmente aparecem, se comportam dentro do seu modo muito British, haja alguma classe e nível naquilo que se faz e como se faz. Ocorreram-me logo os "manos" no metro e ruas de Lisboa, com os seus sonoros manhosos a tocar aos altos berros no telemóvel, claramente a incomodar toda gente, mas aqui ninguém deixa isso passar em claro. Eu fui um desses "manos", mas em Londres, obviamente a ouvir música de jeito (ao menos isso) e fiquei envergonhado para ser sincero, devido ao raspanete assim meio súbito. Acontece que assim que pedi desculpa, o senhor me agradeceu e continuou a ler o seu livro, eu a ouvir a minha música e lá cheguei a Fulham Broadway.
Visitas turísticas à parte, fotos de turista, acho que já o disse não sei quantas vezes a toda gente que me conhece o suficiente para dizer que já recebeu um abraço forte meu, um beijo sentido ou um olhar sincero, Londres fascina-me, a cultura inglesa fascina-me, a forma british de se posicionar no mundo atrai-me e, estar aqui no meio deles, é como voltar a uma casa que nunca foi minha mas na qual reconheço algunas recantos.
Já me perdi, já me fascinei, valha-me deus se estou farto de ver miúdas loiras com ar de albufeira, perna à mostra e peito demasiado grande para a idade que parecem ter, já me ocorreu pensar se me ocorreria uma ideia melhor do que esta e já me ocorreu entretanto, que feitas as contas e o esperado desajuste inicial, estou aqui para ficar. Somos 15 milhões de habitantes nesta grande cidade, mais 1 que agora sou eu, para a frente e com força.
Até já descobri onde comer algo que se assemelha a merendas mistas, por sinal ao lado de um Burger King, que maravilha aquela massa folhadinha.
Prometo que da próxima vez que der notícias tento escrever algo mais interessante ou profundo, tipo, fossa das marianas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Suitcase full of dreams

Londres - 3º Dia

A brincadeira começa sempre da mesma maneira, uma pessoa levanta-se e dormiu uma noite igual a qualquer outra, mas nem se apercebe que desta vez está a dormir numa cidade que não é do seu país, talvez pela facilidade de estar em casa de Portugueses e isso tornar tudo muito mais caseiro. Mas isso altera-se quando damos por nós, a tentar executar a simples tarefa de tomar um banho e raios nos partam se a torneira, ou algo que chamem aquilo, se mexe de alguma forma e começa a jorrar água. O meu olhar miserável, ensonado e a tentar perceber se estaria simplesmente a sonhar, fitando uma cabeça de chuveiro que fazia tudo (que era nada) menos o que era suposto, dar-me banho! Empurrei e puxei as peças metalizadas, desesperei, a figura de uma pessoa nua a tentar desesperadamente tomar banho enquanto se vai sentindo cada vez com mais frio é brutal, juro que pensei meter a cabeça no lavatório e dar ali banho à cabeça! Afinal de contas, era só rodar para a direita uma pequena peça e depois, a grande, para regular a temperatura; senti-me mais ridículo que nunca..até porque não o descobri sozinho, tive de enviar um sms ao dono da casa, que a esta hora se encontrava a caminho do trabalho, para me ajudar a conseguir tomar banho. Tão novo e já preciso de ajuda para tomar banho :P


A minha mala começa a irritar-me, primeiro porque paguei uma brutalidade de euros por excesso de bagagem, segundo porque as coisas que preciso estão sempre lá no fundo, a mala está pesada e é difícil de mexer, com sorte consigo uma lesão nas costas a tentar vestir-me. A senhora do aeroporto em Lisboa disse-me que me fez um desconto de 1 kg no excesso de peso da mala, juro que com mais 1 hora de tempo, lhe perguntava se queria beber um café, as chances de correr mal podiam ser grandes, mas daí a 2 horas estava a sair de Portugal por tempo indefinido, qual seria o mal?
Acho que o peso que está a mais na mala não são casacos, camisolas ou meias grossas, são sonhos que trouxe para realizar aqui, todos eles grandes e pesados, trouxe-os comigo porque isto agora é a minha vida. Ainda que, não custava ter trazido alguma sapiência na arte de abrir torneiras.
Fui ao consulado da tuga, aquele buliço do costume que se sente em terras portuguesas, aquele ar de quem vê uma fila e já se sabe que ali aquilo vai demorar mais, "olhe porque não se sabe a que horas é que estas coisas se despacham", "o melhor é vir o mais cedo possível de manhãzinha", "ah é psicólogo, veio tratar desta gente?!"...estes ao menos querem tratar-se. Dali saído, volta até Notting Hill Gate, encontrar-me com uma amiga de um amigo, psicóloga cá por sinal, portuguesa, uma simpatia de pessoa, conversa e um capuccino, o sol a raiar em Londres e pelas ruas de Notting Hill.
Para terminar, uma voltinha pelo British National Museum, com as suas exposições egípcias (foi onde eu me concentrei, foi a ver múmias) e como alguém me disse, isto não são coisas dos Brits, são coisas que eles roubaram! Ainda assim, um belo passeio, tenho de fazer também um pouco de turista, embora faça o que possa para passar despercebido, chego-me sempre à direita no metro e ando com ar de quem já cá anda há muitos anos, excepto quando tento encontrar uma rua ENORME e dou por mim a dar voltas aos mesmo quarteirão, sem parar :P Coisas à turista com uma mala cheia de sonhos, distraído e que anda por Londres, ainda de certeza com ar de sonhador, não acreditando muito bem que ainda seja verdade que já cá está.
Vou lanchar e descansar um pouco.
Ora abraços e beijinhos!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

De Partida

Será partir de facto, a melhor opção?
Escrevo isto a uns meros 4 dias de apanhar o avião, nesta semana de despedidas e abraços que se querem prolongados até Dezembro, pelo menos quero-os assim, largos e fortes, suficientes para me aguentar. Nem sei se há tempo para tudo o que quero fazer esta semana, tenho a desorganização de um psicótico em crise aguda, mas a vontade férrea de um obsessivo, em ir tentar o que já sonho tentar há muito tempo.
Não é altura de avaliar o risco da coisa, é altura de saber que vou até à minha cidade de eleição, fazer pela vida e lutar por algo melhor, com receio mas também com certeza da tentativa em curso; o misto da confusão é excepcional, diz-se que é em momentos de crise que se cresce e se anda para a frente, já atestei o espírito de vontade e sonhos, levo ben-u-rons para as dores de cabeça e casacos porque vai estar frio, penso que tudo correrá bem assim sendo.
Esperam-me pessoas amigas e pessoas que ainda não conheço sequer, esperando eu tanto mais de todo este mundo que agora se abre à minha frente, nunca imaginei que a independência pudesse vir sob a forma de sair do país de origem, o Portugal quentinho e cheio de recantos conhecidos, memórias e pessoas que me aconchegam, mas a vida dá destas voltas e tantas outras há-de dar, comigo no meio de preferência.
Deixo cá demasiado para falar de uma só vez, numas linhas de texto, quero abordar tudo isso lentamente e pacientemente, com a devida nostalgia que atacará um Português, Lisboeta, menino da cidade, perdido em Londres, cidade de peste, bombardeamentos e com história rica, num qualquer dia chuvoso ou a nevar. O futuro deixará tempo para escrever sobre todos e todas as coisas que cá deixo, com saudade.
A próxima vez que escrever aqui, será espero eu, já desde Londres. Se encontrar um raio de um conversor para as tomadas de electricidade dos bifes, claro.
Obviamente que partir é a melhor decisão possível e imaginária.
:)