segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Suitcase full of dreams

Londres - 3º Dia

A brincadeira começa sempre da mesma maneira, uma pessoa levanta-se e dormiu uma noite igual a qualquer outra, mas nem se apercebe que desta vez está a dormir numa cidade que não é do seu país, talvez pela facilidade de estar em casa de Portugueses e isso tornar tudo muito mais caseiro. Mas isso altera-se quando damos por nós, a tentar executar a simples tarefa de tomar um banho e raios nos partam se a torneira, ou algo que chamem aquilo, se mexe de alguma forma e começa a jorrar água. O meu olhar miserável, ensonado e a tentar perceber se estaria simplesmente a sonhar, fitando uma cabeça de chuveiro que fazia tudo (que era nada) menos o que era suposto, dar-me banho! Empurrei e puxei as peças metalizadas, desesperei, a figura de uma pessoa nua a tentar desesperadamente tomar banho enquanto se vai sentindo cada vez com mais frio é brutal, juro que pensei meter a cabeça no lavatório e dar ali banho à cabeça! Afinal de contas, era só rodar para a direita uma pequena peça e depois, a grande, para regular a temperatura; senti-me mais ridículo que nunca..até porque não o descobri sozinho, tive de enviar um sms ao dono da casa, que a esta hora se encontrava a caminho do trabalho, para me ajudar a conseguir tomar banho. Tão novo e já preciso de ajuda para tomar banho :P


A minha mala começa a irritar-me, primeiro porque paguei uma brutalidade de euros por excesso de bagagem, segundo porque as coisas que preciso estão sempre lá no fundo, a mala está pesada e é difícil de mexer, com sorte consigo uma lesão nas costas a tentar vestir-me. A senhora do aeroporto em Lisboa disse-me que me fez um desconto de 1 kg no excesso de peso da mala, juro que com mais 1 hora de tempo, lhe perguntava se queria beber um café, as chances de correr mal podiam ser grandes, mas daí a 2 horas estava a sair de Portugal por tempo indefinido, qual seria o mal?
Acho que o peso que está a mais na mala não são casacos, camisolas ou meias grossas, são sonhos que trouxe para realizar aqui, todos eles grandes e pesados, trouxe-os comigo porque isto agora é a minha vida. Ainda que, não custava ter trazido alguma sapiência na arte de abrir torneiras.
Fui ao consulado da tuga, aquele buliço do costume que se sente em terras portuguesas, aquele ar de quem vê uma fila e já se sabe que ali aquilo vai demorar mais, "olhe porque não se sabe a que horas é que estas coisas se despacham", "o melhor é vir o mais cedo possível de manhãzinha", "ah é psicólogo, veio tratar desta gente?!"...estes ao menos querem tratar-se. Dali saído, volta até Notting Hill Gate, encontrar-me com uma amiga de um amigo, psicóloga cá por sinal, portuguesa, uma simpatia de pessoa, conversa e um capuccino, o sol a raiar em Londres e pelas ruas de Notting Hill.
Para terminar, uma voltinha pelo British National Museum, com as suas exposições egípcias (foi onde eu me concentrei, foi a ver múmias) e como alguém me disse, isto não são coisas dos Brits, são coisas que eles roubaram! Ainda assim, um belo passeio, tenho de fazer também um pouco de turista, embora faça o que possa para passar despercebido, chego-me sempre à direita no metro e ando com ar de quem já cá anda há muitos anos, excepto quando tento encontrar uma rua ENORME e dou por mim a dar voltas aos mesmo quarteirão, sem parar :P Coisas à turista com uma mala cheia de sonhos, distraído e que anda por Londres, ainda de certeza com ar de sonhador, não acreditando muito bem que ainda seja verdade que já cá está.
Vou lanchar e descansar um pouco.
Ora abraços e beijinhos!

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